Alguns dados históricos
Os negros escravos chegaram ao Rio Grande do Sul em meados de 1810 e entram no estado, através do porto de Rio Grande se espalhando por Pelotas, Montenegro, etc.
Na cidade de Rio Grande constam registros de que a cidade/vila possuía 596 escravos. Já em 1814 havia 1119, em 1859 – 4369. Neste período era prática comum, leilões, compra e venda de homens negros para trabalhar nas charqueadas.
Situa-se nesta idéia, que a semente do culto africano tenha sido plantada pelos escravos das charqueadas, desde a sua origem em Rio Grande, Pelotas.
Em pesquisas realizadas sobre o batuque no Rio grande do Sul em Porto Alegre, nos meados de 1951, observou que as 71 casas encontradas dividiam-se em 24 de nação Nagô, 21 Jeje, 13 Oyó, 8 Ijexá e 5 mistos. Porém, nos dias de hoje predomina no batuque do Rio Grande do Sul o lado Ijexá, quer pela facilidade do toque como pela ausência de tamboreiros iniciados em seus demais Cultos. Embora haja muitos terreiros que se digam seguidores de outros lados.
Os Negros africanos e seus descendentes participaram diretamente do desenvolvimento econômico dos primeiros séculos da história do Rio Grande do Sul. As profissões manuais eram basicamente exercidas por representantes dessa etnia, isto tanto no período imperial quanto na primeira república; o mesmo ocorrendo em todas as províncias do Brasil, acompanhando passo a passo a história da economia do país.
Como exemplo, um levantamento realizado junto aos arquivos da antiga Freguesia de Pelotas, no período compreendido entre 1850 e 1880, mostrou que num universo de 1.604 escravos, 460 eram crioulos, 556 indeterminados e 590 africanos. Os negros africanos, por sua vez, dividiam-se em diferentes nações ou grupos tribais. Por ocasião das comemorações da Abolição desfilaram em Pelotas os “Filhos de Angola, Mina, Benguela, Erubé, Congo e Cabinda...” (Jornal Echo do Sul, 10/6/1888. Seja como for, no Rio Grande do Sul “os bantos vieram em número muito superior.
A introdução do negro escravo no RS ocorreu a partir da primeira metade do século XVIII. Estes trabalhavam na agricultura, nas estâncias e na produção do charque, na região de Pelotas. Neste período, os negros perfaziam cerca de 51% da população de Piratini e 60% de Pelotas.
Já com a chegada dos colonos alemães em 1824 e dos italianos em 1875, verifica-se um aumento da população branca e uma redução na porcentagem da população negra em território gaúcho.
Tudo nos leva a crer que os primeiros terreiros de batuque foram fundados justamente na região de Rio Grande e Pelotas.
Pesquisa feita em jornais de Pelotas e Rio Grande do século XIX mostram a presença do batuque nesta região, desde o início do século XIX. Surge então a dúvida de se saber se a estruturação do batuque ocorreu posteriormente ou paralelamente à estruturação do candomblé, pois consta que o primeiro terreiro de candomblé teria surgido na Bahia no ano de 1830. A partir das décadas de 70 e 80 do mesmo século, os jornais da região passam a apresentar em suas páginas policiais, matérias sobre cultos de matriz africana.
Nos jornais Correio Mercantil e Jornal do Comércio, de Pelotas, assim como no jornal Gazeta Mercantil de Rio Grande pode-se ler notícias, sendo as mais comuns, a prisão de “feiticeiras” e feiticeiros, como esta:
“Foram presas à ordem da delegacia, duas pretas feiticeiras que atraíam grande ajuntamento de seus adeptos. Na ocasião de serem presas, encontrou- se lhes um santo e uma vela, instrumento de seus trabalhos [...]”. (Jornal do Comércio, Pelotas, 9/4/1878.
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